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ENTREVISTA / RUI SCHNEIDER DA SILVA

"O SISTEMA COOPERATIVO

É MAIS INCLUSIVO"

"O SISTEMA COOPERATIVO É MAIS INCLUSIVO"

Rui Schneider da Silva, Presidente do Sicoob. Foto: divulgação Sicoob

O cooperativismo entrou quase por acaso na vida de Rui Schneider da Silva. Ele iniciou no Banco do Brasil de Concórdia, no começo da década de 1970. Ao adquirir uma granja de reprodutores suínos, associou-se a uma cooperativa de produção com o objetivo inicial de ter acesso a produtos para a pecuária. Dois anos depois, foi convidado a se tornar conselheiro da cooperativa. Na sequência elegeu-se secretário e diretor financeiro, especialmente pela experiência de ter trabalhado na carteira agrícola do Banco do Brasil. Naquele período, o Banco Central autorizou cooperativas de produção a criar cooperativas de crédito – foi quando surgiu, em Concórdia, a Cooperativa de Crédito do Alto Uruguai Catarinense (Crediauc), à frente da qual Rui foi sócio fundador e primeiro presidente, permanecendo no cargo por vários mandatos consecutivos. Em 1999, chegou ao comando do Sicoob Central SC/RS, sendo sucessivamente reeleito desde então. “Sou muito apaixonado pelo cooperativismo. Se deixar, falo o dia inteiro desse assunto”, ele brinca.

Quem pode se associar ao Sicoob?

Há mais de 20 anos o Banco Central autorizou as cooperativas a se tornarem estruturas de livre admissão, de tal forma que qualquer pessoa domiciliada na área de atuação da cooperativa ou qualquer empresa com sede na região pode se integrar ao sistema. Somos, portanto, uma instituição aberta aos interessados, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, que podem ingressar em uma das 38 cooperativas integrantes do Sicoob em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

Quais as grandes vantagens que o cooperativismo de crédito oferece aos clientes?

Por não ter fins lucrativos, as cooperativas de crédito reinvestem tudo na própria região, com os resultados sendo distribuídos entre os associados. No que diz respeito ao portfólio de produtos e serviços, as cooperativas de crédito não deixam nada a desejar em relação aos bancos comerciais, tanto para pessoas físicas quanto para empresas. Só que nós temos uma rede de atendimento presencial em expansão, ao contrário dos bancos, que estão reduzindo os pontos de atendimento. Eles enfrentam essa necessidade de enxugar, enquanto as cooperativas de crédito, que são um modelo de negócio diferente, sem objetivo de lucro, procuram estar sempre próximas aos cooperados e de suas comunidades. Essa presença física tão marcante resulta em proximidade real com os clientes e nos faz conhecer bem cada um deles.

De que forma essa preocupação se manifesta no dia a dia? Poderia dar um exemplo?

Posso citar, por exemplo, o que ocorreu no período de pandemia. Não esperamos pelos pedidos de ajuda dos nossos associados. Fomos atrás deles para saber o que estavam precisando, como poderíamos ajudar. Tínhamos certeza de que, nos momentos de prosperidade, essas pessoas e essas empresas lembrariam do Sicoob como parceiro importante no enfrentamento das dificuldades.

Por conta da forte influência da agropecuária na história do cooperativismo catarinense, o cooperativismo de crédito parece estar muito associado às regiões do interior catarinense. Como tornálo mais presente no litoral?

Temos conquistado um grande número de associados em várias partes do estado, mas, de fato, nas maiores cidades ainda enfrentamos algumas dificuldades para disseminar as vantagens que o cooperativismo oferece. Uma das nossas metas é a expansão nos maiores municípios, o que exige modificar um pouco o tradicional trabalho de formiguinha, do boca a boca, para investir em marketing e comunicação. Estamos empenhados nesse caminho.

Como o senhor projeta a evolução do cooperativismo de crédito catarinense e brasileiro nos próximos anos?

Acredito muito na continuidade da expansão do cooperativismo de forma geral, e mais ainda do cooperativismo de crédito, que vem crescendo em torno de 20% no Brasil nos últimos anos. As cooperativas de crédito têm o objetivo de chegar a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) financeiro nacional. Hoje estamos com 6,4%, mas não faz muito tempo essa participação estava em 3%. Acredito, portanto, que em breve vamos atingir esses 10%. Estamos trabalhando para isso, com apoio total e irrestrito do Banco Central, que nos incentiva a crescer porque percebe, pelo acompanhamento que faz e pelas estatísticas que produz, o quanto o sistema cooperativo é mais inclusivo e está sempre próximo da sociedade. Procuramos cumprir todas as normas, resoluções e legislações emanadas pelo Conselho Monetário Nacional. Essa é a nossa conduta, trabalhamos dentro dessa linha, pois não abrimos mão da qualidade e segurança.

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