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Zuba coutinho

Jornalista, empresário e fundador da Editora Expressão

Quando lançamos a edição número 1 da Revista Expressão, na década de 1990, nenhuma empresa apoiou, pois o costume em Santa Catarina era oferecer ao mercado uma revista, pegar o dinheiro dos patrocinadores na frente e não fazer o produto nem devolver o dinheiro. Uma picaretagem. Doze anunciantes se comprometeram a anunciar na edição número 2, se a 1 saísse. Com o título “Made in Santa Catarina”, mostrando as diversificadas exportações catarinenses, o primeiro número foi um enorme sucesso.

Zuba Coutinho (camisa xadrez), fundador da editora no evento do Prêmio de Ecologia, na Fiesc, com o sociólogo Antonio Odilon Macedo, idealizador e coordenador da premiação

Dias depois saiu o espantoso e demolidor Plano Collor e 11 dos anunciantes prometidos desistiram. Sobrou uma permuta. Com capital mínimo, tocamos a revista na raça de uma equipe jovem, em busca de sonhos e aventuras, boa de briga e mal paga, e em alguns meses ela se tornou a principal de economia da Região Sul, conquistando vários prêmios e lançando edições como o Prêmio Expressão de Ecologia, o maior do país até hoje, e a primeira edição das Maiores Empresas do Sul, numa bem sucedida parceria com a Fundação Getulio Vargas – abastecemos a FGV com mais de 100 relatórios anuais econômicos de empresas sulistas que a Fundação não tinha.

 

As empresas do Sul tinham pouco espaço nos grandes veículos de comunicação ancorados no Sudeste, e a Expressão ocupou com eficiência esse campo. Criamos o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, que posteriormente foi ampliado a todas regiões do país, e a premiação foi entregue por três presidentes da República. A concorrência comercial era feroz e contra gigantes: Exame, Gazeta Mercantil, a poderosa gaúcha Amanhã, Grupo RBS, atacando com jornais e TVs. Para competir com dezenas de profissionais de vendas apoiados por grandes grupos, o jornalista Jorge Gorgen (atualmente assessor especial do presidente de uma próspera multinacional) tornou-se diretor de marketing e protagonizou a colocação da bandeira da Expressão nos corações e campanhas comerciais de Porto Alegre, Curitiba e norte alemão de Santa Catarina, conquistando o merecido codinome de Jorjão. Nessa tropa boa de briga, outro jornalista deslocado para o marketing, Carlos Ribeiro (depois contratado pelas duas principais agências de publicidade de SC) tornou-se o lendário Carlão. Além do foco no Sul, apostávamos alto na credibilidade, especialmente no Prêmio Expressão de Ecologia. Sob comando do sociólogo Odilon Macedo, o júri formado por ambientalistas de vários estados fez a Expressão perder vários anunciantes, frustrados por não conquistarem os prêmios. A credibilidade custava alto.

O prêmio foi importante alavanca para as empresas investirem em ações ambientais. Sua credibilidade e a da Maiores do Sul atraíam para nossos eventos ministros,senadores, governadores e grandes empresários, muitos gaúchos e paranaenses, que aportavam na Fiesc, nossa principal parceira nessas comemorações e que monitorava nossa caótica etiqueta de salão. Éramos um pequeno bando de jornalistas, com gravatas e ternos algo inadequados, mais afeitos aos computadores e pesquisas do que ao trato social, que recebíamos meio espantados cerca de três centenas de convidados e celebridades com coberturas de câmeras e microfones de TVs e rádios. 

Mesmo com o sucesso editorial e vários prêmios – só perdemos o Prêmio Esso por uma questão política, pois um grande jornal de São Paulo ficaria sem nenhuma premiação e desbancou nosso lugar, como me confessou um jurado: a Expressão tinha dificuldades comerciais e ficava em perigosa dependência dos anunciantes. Transformamo-nos então na Editora Expressão e passamos a fazer também livros e relatórios com foco na comunicação empresarial de empresas, cooperativas, federações, ONGs, para equilibrar o balanço comercial. Com o talento do diretor de arte Luis Acácio de Souza, do designer gráfico João Henrique Moço e do jornalista Carlos Locatelli (depois chefe do Departamento de Jornalismo da UFSC), ganhamos vários prêmios, alguns internacionais, com esses livros, um departamento que segue crescendo nas mãos de Rodrigo Coutinho e que tornou a Expressão líder desse segmento na Região Sul. A aventura e os sonhos seguem.

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